sexta-feira, março 18

Quanta raiva

 

Quanta raiva e amargura corre por aí, quanta danação, pragas, insultos, tanta certeza vã de que estes fazem mal, os outros fizeram bem, só a vitória do nosso clube é gloriosa, justa, porá isto direito, a funcionar como deve.

Já os de ontem o disseram e os de amanhã dirão o mesmo, como em todos os tempos o dizem os tolos, os mesquinhos, os do venha a nós, nunca a eles.

E eu, que não visto camisolas, não dou vivas nem morras, só tenho a bandeira da terra em que nasci e onde pertenço, olho em redor abismado com a malvadez, a estupidez, a ignorância que cega, o fanatismo que destrói, a impotência do ódio.

Assusta-me o modo como a minha gente julga esconder o pavor que sofre, imitando raivas e desdéns, sabendo que no fundo, bem no fundo, o que a atormenta são as incertezas, as incógnitas, a insegurança, a vontade de ter um futuro mas querê-lo único, bom, apenas seu, como se jamais tivesse sido possível fugir à realidade numa ilha, ou escapar ao mundo por detrás de muralhas.