"Allors!" Ficou-lhe a alcunha, porque depois de quase meio século de França, e agora de volta, é assim que saúda toda a gente.
Redondo como um batoque, boné de pala, olhos miudinhos, sorriso permanente, mau para os cães, pai de Saddam. Este recebeu a crisma pela sua incrível parecença com o antigo ditador do Iraque, e por também disparar a espingarda com uma só mão, erguendo-a como se vê o ditador fazê-lo em fotografia conhecida.
Pai e filho têm um problema antigo. Enquanto o primeiro se desunhou a trabalhar, Saddam é de opinião que a vida foi feita para o gozo. Puta brasileira ao sábado, marisco ao domingo, a roda dos cafés, futebol na têvê, a bisca com os amigos, noites de espera ao javali, umas idas a Espanha para variar, chegado aos cinquenta nunca teve patrão nem procurou trabalho. Por isso foi grande a surpresa quando constou que andava com ideias de montar um negócio. Falava-se de garagem, restaurante, ou supermercado, mas ao certo só se sabia que viajara para França, que é, como disse Allors, a única terra onde as coisas se fazem à grande.