O estranho modo com que certa gente entra e sai da nossa vida. Não falo dos
amigos que se perderam de vista, dos que se nos tornaram indiferentes ou
inimigos, mas daquelas pessoas que como que nos assaltam com a sua amizade e
são tudo empatias, concordâncias, atenções, carinhos. Até ao dia em que, sem
razão aparente, parecem levar sumiço.
Encontrámo-nos depois por vezes numa rua, num café, ao acaso duma cerimónia.
'Há que tempos que não nos vemos!' Embrulham-se em desculpas frouxas sobre as
andanças da vida, os afazeres, complicações. Mas a pergunta fica: ao que é que
não correspondemos? O que é que nos quiseram dar ou queriam receber que nos
escapou? O que é que não somos, e eles julgaram que éramos? O
que é que em nós lhes meteu medo?