Tão perto que todos estamos e tão longe uns dos outros, cada um com a sua melancolia, a sua dor e desespero, as aflições que de repente batem à porta, as nuvens que se amontoam num céu que parecia limpo. Ou então a iludir-se com alegrias que nada valem, fugidias como o brilho dos pirilampos
Estou eu aqui a dar-me a ilusão que falo a alguém, partilho, sou solidário, mas sem saber de quê nem com que alma, esperançado de que seja só meu o negrume, os mais tenham melhor escudo, lança e couraça, não se sintam derrotados ao primeiro golpe.
Estou eu aqui, sem de verdade saber porquê, trazido pelas miragens do deserto que me cerca, dando-me uma ilusão de solidariedade e vizinhança.