"A pandemia veio pôr a nu aquilo que já se sabia?
Já se sabia. Mas o que esta pandemia veio mostrar-nos foi que nem este Governo nem os anteriores querem admitir que são os responsáveis por isto. Depois, o Governo propõe uma medida medieval que é confinar as populações, que ainda por cima é falsa, porque metade da população trabalhadora nunca esteve confinada porque ou é trabalho essencial ou é trabalho industrial, que nunca parou. O que se confinou foi o lazer e os serviços. Nunca tivemos um verdadeiro confinamento e nenhum país, excetuando talvez a China, o fez, e a Suécia provou o que se poderia ter feito. Tem neste momento muito menos mortes por covid, muito menos mortes não por covid, o seu sistema de saúde não colapsou e a sua economia resistiu melhor, apesar de ter sofrido algum impacto porque está inserida numa economia mundial. Mas, sobretudo, a grande lição sueca é a da democracia. É possível enfrentar uma pandemia sem suspender os direitos democráticos. Já vamos no décimo ou décimo primeiro estado de emergência e sou absolutamente contra. Isto tinha de ser feito com base na educação, na pedagogia e no reforço do SNS. Atualmente temos polícias a fazerem perguntas indecorosas e ilegítimas aos cidadãos. Temos câmaras, como as de Oeiras e de Cascais, a violar a lei do domínio público do mar, em que as pessoas não têm acesso à orla costeira, temos atropelos sistemáticos à ordem constitucional e tudo isto passou a ser o novo normal. O novo normal é que a democracia está suspensa em Portugal."
Raquel Varela no SOL