"Boris Johnson backs
calls for 'summer of weight loss' amid anti-obesity drive"
"O Estado e o governo desempenham as
respectivas funções de maneira exemplar, e não vejo que dentro de um futuro
razoavelmente longo deles possa vir mal ao cidadão. Mas se não há maldade, há
uma certa mentalidade da eficiência - em tudo! - o fascínio da máquina que
trabalhe sem enguiços, do lucro assegurado, só possível quando todos se dobram
e obedecem, os olhos postos no proveito, na segurança, no alcançar de certezas.
Num
debate oiço um professor de Medicina afirmar: “Os obesos são um risco para a
sociedade, custam dinheiro porque estão mais frequentemente sujeitos a doenças.
Por isso seria razoável obrigá-los a pagar um prémio de seguro mais elevado,
calculado em função do seu excesso de peso”.
No mesmo debate logo outro professor acrescenta: “E deveria ser criado
um organismo regulador da importação, fabrico e venda de certos produtos alimentícios,
no qual um dietista tivesse assento e direito de veto.”
Assim
nos proibirão um dia de comer do que gostamos, com o pretexto de nos proteger
de nós próprios e economizar os fundos da sociedade. E de uma proibição
facilmente se passa a outras, sempre em nome da humanidade, esquecendo o homem. Eu, que sou calvo, e portanto contribuo pouco e irregularmente para a corporação dos barbeiros, estou sujeito a que amanhã, se tal mentalidade levar a melhor, me carreguem com um imposto extra. Porque sempre chega o momento em que o imposto deixa de ser contribuição para o bem-estar comum e se torna castigo aplicado àquele que recusa, ou não é capaz de seguir o rebanho.
Que
quer essa gente que na Holanda ainda não é partido político, mas que cedo o
poderá vir a ser? Lei, ordem, progresso, cidadãos que trabalhem, comam, gozem e
durmam a horas certas, que vão de férias em datas fixas, que vivam contentes à
força e, antes de morrer, se arrumem eles próprios no caixão de plástico
estandardizado, etiquetado, fácil de levar para o crematório."
in Com os Holandeses – Quetzal, 2009
A 1a edição, em Neerlandês, é de 1972.