"Tout passe, tout casse, tout lasse" – assim é e há
muito perdi a conta das vezes que, cansado do absurdo do meu semelhante, me tenho
visto a repetir que é triste mas verdade: tudo passa, tudo fica em frangalhos,
tudo acaba por enfastiar. Até o medo. Que das polémicas, das virtudes, dos
"princípios", certezas, simpatias e boas intenções nem quero falar,
pois são agora tantas e todas tão puras
que assusta a perspectiva do dia em que as hostes de virtuosos saírem à
procura dos que não vêem, não compreendem ou recusam aceitar que finalmente está
próxima a hora mil vezes prometida de liberdade, igualdade, fraternidade. Aumentada
agora com liberdades, igualdades, fraternidades que ontem seriam tomadas por
utópicas. E como isto está a acontecer do dia para a noite, Deus te acuda se discordas,
recusas, ou mostras enfastiado. E lá porque é filme que já viste umas
quantas vezes, não esperes compreensão nem condescendência pois não é essa a
moda, antes te prepares para a versão refinada dos tratos de polé, que se os da
Inquisição te quebrariam os ossos, estes do Facebook, Twitter e Instagram deixam-tos
inteiros, mas pouco se aproveita do que de ti depois fica.
Conselhos para te dar
não tenho, farás como te parecer bem, mas talvez te conforte saber que a História se repete e depois de cada abalo
tudo se vai recompondo. Pena é que nem todos tenhamos a sorte de viver no
período em que as costas folgam enquanto o pau vai e vem.