São dez da manhã, há um pouco mais de três
horas que estou diante do computador. Tinha quatro e-mails, “folheei” jornais
daqui e dali, agências de notícias, visitei os meus blogues favoritos, de
repente dou-me conta que se continuo a olhar para o ecrã a actividade do cérebro
insensivelmente parece ir-se envolvendo numa espécie de nevoeiro cinzento, nada
tem princípio e fim, são retalhos, pontas soltas, desinteresse, nenhuma obrigação
que me espicace ou faça mexer, o corpo preso à cadeira.
Visões fugidias de rostos, relâmpagos
de memória, de encontros, ocasiões perdidas, remorsos, telefonemas que não fiz,
desculpas que não aceitei porqque não compreendi. Tudo confuso, desordenado, febril,
estranho como um prenúncio de delírio, a improvável e dolorosa mistura da
apatia com o desencanto, as desilusões e o desassossego.