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Tivesse eu pachorra para contar as andanças em que me meti e a gente que incomodei, para entre 1968 e 1969 tentar entrevistar Pablo Neruda, o poeta chileno que receberia o Nobel da Literatura em 1971. Não tenho pachorra, a ninguém ia interessar, assim evito cair na tentação de aborrecer o semelhante com memórias do tempo em que ia almoçar à “Mimi do Parque Mayer” e lá encontrava Jorge Amado, amigo do peito de Neruda, a trasbordar cordialidade, mas como eu não alinhava com Moscovo nada disposto a meter a cunha que lhe pedia.
Tivesse eu pachorra para contar as andanças em que me meti e a gente que incomodei, para entre 1968 e 1969 tentar entrevistar Pablo Neruda, o poeta chileno que receberia o Nobel da Literatura em 1971. Não tenho pachorra, a ninguém ia interessar, assim evito cair na tentação de aborrecer o semelhante com memórias do tempo em que ia almoçar à “Mimi do Parque Mayer” e lá encontrava Jorge Amado, amigo do peito de Neruda, a trasbordar cordialidade, mas como eu não alinhava com Moscovo nada disposto a meter a cunha que lhe pedia.
Acontece que terminei ontem a leitura da tradução neerlandesa
da autobiografia de Neruda, Confieso que he vivido. Memorias (1974), e alguma
coisa aprendi, entre outras que a cerimónia do Nobel é ensaiada como um
espectáculo de teatro na manhã da entrega do prémio, toda a gente no seu lugar e a
desempenhar o seu papel. Deve ser cómico, porque o fazem com a roupa e a cara
com que depois saem à rua.