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Com as eleições na Holanda à porta, nos últimos
dias tenho dado umas quantas entrevistas, e em determinado momento – porque tenho
dupla nacionalidade – os entrevistadores, com ou sem rodeios, querem saber da
minha intenção de voto, quase sempre subentendendo a resposta que de mim
esperam.
Digo então, para surpresa de quase todos, que
vou dar o meu voto a Wilders. E pacientemente explico que partilho a sua ideia
de deportar os marroquinos que, na Holanda, encabeçam as estatísticas da
criminalidade; que a Holanda teria vantagem em se separar da EU (o que não
acontecerá); que se deveriam ter fechado as fronteiras (o que está provado ser impossível ); que os idosos, os pobres e
os deficientes não recebem os cuidados a que têm direito; que mesmo um país rico
e bem organizado não tem capacidade para absorver a vaga de refugiados –
problemática que os sucessivos governos empurram com a barriga no aguardo de
milagres.
Discordo de Wilders pela irrealidade das suas
intenções, pelo seu autoritarismo, pela nada democrática prática de ter um
partido em que se pode votar, mas não aceita filiados.
Mas
dando-lhe o meu voto - o meu protesto - espero contribuir para que, alcançando um bom resultado
eleitoral, ele tenha em mãos a possibilidade de fazer uma oposição construtiva,
que seja um contrapeso a vinte e tal anos de governos tão politicamente
correctos que a grande maioria dos cidadãos se pergunta de que maus sonhos é
prenúncio a realidade que estão a viver.