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Agradecimento
à SPA, por premiar O Meças como o “Melhor Livro de Ficção” –
2017
Senhor Presidente da República,
minhas senhoras, meus senhores,
É muito o que se
pode aprender na escola, e importante, se não essencial, o que se aprende no
dia-a-dia. Esta afirmação faço-a eu sem autoridade nem experiência, antes por
ouvir dizer.
Na escola fui por
vezes cábula e repontão, mas, sorte que me coube, entrei na vida e tenho andado
neste mundo com passaporte de turista, alegremente e à ligeira. É assim que há
quase nove décadas por cá passeio, interessado em ver, divertir-me e maravilhar-me,
mas pouco hábil em participar, tendo apenas feito o indispensável para, sem grande
embaraço meu ou irritação alheia, dar pouco nas vistas e manter uma aparência
de funcionamento normal em sociedade.
Por conseguinte,
espero que desculpem o meu laconismo, dado que, pelos motivos acima, além de
desconhecer o ritual destas solenidades, é quase nula a experiência que tenho da
recepção de prémios. Deram-me um em 1939, ao terminar a quarta classe – uma
caderneta da Caixa com 50 escudos – e o segundo vim a recebê-lo em 2012, setenta e três anos depois.
Razão de sobra
para agradecer à SPA o ter premiado “O Meças”, tanto mais que tenho ouvido
dizer que é um mau livro, redundante na escrita, cheio de sombras e violência, mostrando
um Portugal que não existe, e que nem um único dos seus personagens desperta
uma ponta de simpatia.
Agradeço também a
generosidade do Fernando Venâncio, que se prestou a fazer de ventríloquo.
Agradeço ainda aos
presentes que, embora não tenham vindo especialmente para mim, me confortam na
ilusão de que as Artes e as Letras têm seguidores, infelizmente não tantos como
o Facebook.
Desejo-lhes uma
boa noite.