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Do semanário holandês Elsevier (18.02.2017):
“Falsa lisonja
Islamofobia / O
secretário-geral das Nações Unidas lisonjeia os seus anfitriões sauditas e
asneia.
A vida de um diplomata de topo não deve ser fácil. Não
obstante as opiniões que tiver, para alcançar o fim em vista, será por vezes
obrigado a manter um bom entendimento. Sobretudo quando se trata dos influentes
estados-membros que, financeiramente, mais contribuem para o orçamento da ONU.
Mas há uma grande diferença entre a arte diplomática
de navegar à bolina e a absoluta hipocrisia.
O português António Guterres é, desde 1 de Janeiro,
quem manda na ONU. Visitou esta semana a Arábia Saudita, o ultraconservador
estado islamita do Golfo e generoso doador da ONU. Guterres discursou
elogiosamente acerca dos seus anfitriões. A Arábia Saudita é um “exemplo na
luta para a mudança e o crescimento.” Tais palavras testemunham de uma estranha
opinião sobre um país em que, por exemplo as mulheres, pouco melhoramento vêem
no amargo atraso da sua situação.
Pior ainda foi a declaração de Guterres acerca do
terrorismo. Esse é “a consequência dos sentimentos de islamofobia e da
orientação contrária ao Islão em certas partes do mundo”. É este um mirabolante
ataque à direita populista do Ocidente. E também falso, pois não é a islamofobia
uma consequência dos atentados dos islamitas?
Além disso são os próprios sauditas quem tem uma
tradição de espalharem mundialmente o fundamentalismo e de financiarem os
jihadistas – como acontece na Síria. Por parte de Guterres, ao fim e ao cabo
líder de uma organização que aspira à paz mundial, teria sido mais corajoso
mencionar esse aspecto. Do modo como procedeu confirma apenas o papel de vítima
que o Médio-Oriente gosta de representar: o malévolo Ocidente é o instigador da
desgraça. Que pateta este.”
Robbert de Witt
Robbert de Witt