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Cheio de "vocês" e de "pois", a voz ao
nível de estádio ou Rock in Rio, o senhor veio compor os canais, a antena,
falando com autoridade de sargento acerca de filtros, satélites, graus e
orientações.
Esquecia um parafuso ou falhava-lhe a recepção, aí largava
um, também sonoro "Sacana, filho da puta!", deitando as culpas ao
cujo, que ele há anos anda nisto, dá lições aos pataratas. Esses, quando se
vêem aflitos, ajoelham mansinhos para o beija-mão, e ele, generoso mestre,
explica então "tintim por tintim" o que os "caras de caralho"
não aprendem, mesmo com "um par de pontapés no cu".
O satélite bem mandava o sinal, mas três horas de
"Sacana, filho da puta!" não convenciam a antena, nem o receptor, nem
os filtros, os canais, as orientações.
Disse então que sabia muito bem, onde estava a falha, já
outras vezes lhe tinha acontecido: a aparelhagem não era nacional, nossa.
"Portuguesa. Está a compreender? Tem de mandar pra lá, e eles que
componham tudo."