(Clique)
Na inauguração do mandato o Presidente da República sorriu muito, abraçou, beijocou, bailou, ofereceu-se banhos de multidão com descontraído e simpático à-vontade.
Devo dizer que esse modo me agrada, pois venho dos tempos
remotos do bigodudo presidente Carmona,
do esfíngico Thomaz e do monocular Spínola.
Do inefável presidente Soares lembro a agitação com que
arengava às massas, o seu francês, o à-vontade de expor o ventre nu nas praias
das Seychelles. O taciturno presidente Cavaco Silva manteve-me na constante
expectativa de que um dia, perdendo a paciência, finalmente desabafasse. Ainda
bem que para alívio de muitos o não fez, mas Deus queira, e eu espero, que não
se refreie quando escrever as suas memórias.
Temos então agora o presidente Marcelo Rebelo de Sousa,
com aquele capital de simpatia que não é apenas televisivo, e para o bem de
todos muito promete, além de corresponder à perfeição ao anseio que talvez tenhamos
(tenhamos? não será "tinhemos"?)
desde D. Afonso Henriques: o de um pai que nos proteja.
Infelizmente, é por demais sabido o que tantas vezes
acontece entre pais e filhos.
A ver vamos.