Luis de Góngora y Argote (1561-1627)
Vejo, oiço, leio. Ministros, deputados, comentadores, políticos em geral, todos parecem ter herdado a ubiquidade de Santo António.
As meninas do BE apontam o dedo, os comunistas erguem o
punho, os restantes fazem assim, fazem assado, querem isto, recusam aquilo, mas
o caso é que, estejam eles dentro ou fora, não há meio, força, jeito que ponha a
gerigonça em bom e proveitoso andamento.
Pensando nisso e neles, não sei por que carga da de água me
veio à lembrança o gongorismo, o extravagante estilo literário em que prima o
mau gosto, cada duas palavras um superlativo, ornatos a torto e a direito, linguagem
rebuscada e obscura, afirmações sem pés nem cabeça, mas sempre sonoras que
baste.