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Sempre se falou em excesso da experiência que os anos dão,
do poço de sabedoria que cada idoso é, fatigam os casos das avós e tias sábias,
que à lareira, no remanso de idílicos povoados, contam histórias do tempo em
que se respeitavam as tradições, se ajudavam os vizinhos, se comiam saborosos
jantares, preparados com ingredientes de uma pureza que já não há, e segundo
receitas conventuais passadas de geração para geração.
Avesso e mal disposto, aí chegado acontece-me por vezes soltar
um "Porra!", perguntando-me então que gente é essa, ou de que
paraísos tem conhecimento, pois por mais que olhe e espiolhe, no que encontro nada
apercebo de bucolismo, nem de tal serenidade me falam os jornais ou mostram as
televisões.
De modo que, não sendo míope, nem fraco da cabeça, só
abonado em anos, concluo que muito há que me escapa, e ao contrário do que dizem,
pelo menos no meu caso a idade pouco me ensinou.