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Pudesse eu dar-te a mão, aliviar a dor, ser para ti quebra-mar. Estivesse no meu poder oferecer-te esquecimento, horas de paz, razões de esperança, guiar-te até ao porto de abrigo onde, largando âncora, voltasses a encontrar repouso.
Olhas a rua e não compreendes o burburinho, a agitação, as
razões daquela alegria, das pressas, dos sorrisos. É a que tão bem conheces, nela
moras, mas que transformada pela melancolia parece estranha, uma aonde não
pertences, cheia de desagradáveis surpresas e vagas ameaças.
Ficarás à janela,
absorta, perguntando-te o que terá acontecido para mereceres um destino de
tantas sombras e falto de esperança, um em que as manhãs não são de luz, mas
sempre de névoa.
Porque a dor ainda te prende de nada adianta gritar que não
cedas ao desconsolo, deixes a janela, saias à rua. Mas, sabe-se lá, talvez te
voltes e ao encarar-me dês conta de que não estás só.