Como drama os refugiados são tema que, tratado por qualquer de nós – mesmo os muitos e sábios comentadores - fica pelo nível da conversa de café. Ninguém pode prever o que serão as consequências, como o drama a todos irá afectar, que reviravoltas dará a sociedade.
Por enquanto (quase) tudo
são congratulações por tanta generosidade, o bom tom é o do politicamente
correcto e dos braços abertos.
Isto dito, não me atrevo a
mais do que falar do que sei, do que vejo e do que leio. O que sinto e temo
guardo-o para mim, não por cobardia, mas para não magoar quem sinta diferente e
não tema, mas também porque qualquer discussão ficaria pelo que disse acima: a
conversa de café.
Anoto pequenas coisas.
Semanas atrás vi fotografias de um ajuntamento de refugiados que caminhava por
uma via férrea. Dramático era o detalhe de um homem a empurrar uma cadeira de
rodas com um inválido. Mas quantos metros se consegue empurrar uma cadeira de
rodas sobre os dormentes da via férrea, antes ela se desconjunte ou o
"passageiro" não aguente o martírio?
A manipulação pertence ao
nosso tempo, bem sei.
Na Holanda a onda de
generosidade estende-se a uma versão particular de "Meet & Eat" e assim cerca de trezentas famílias da
cidade de Apeldoorn convidaram refugiados para uma refeição. Mas para que os
convidados não se sentissem insultados ou sofressem incómodo, os promotores da
iniciativa forneceram instruções: a comida teria de ser Halal; não deveriam ser oferecidas, nem estar à vista, bebidas
alcoólicas; as mulheres presentes deviam estar vestidas com decência, usando
roupa sem decote e de mangas compridas.
O cidadão holandês de
fracos meios chega a estar vinte anos (20) à espera de poder alugar uma
habitação social. No momento em que tem os papéis em ordem, o refugiado não só recebe
casa, como a encontra mobilada e equipada.
Não adianta continuar a
conversa. Ponha-se você no lugar do holandês, e anote para daqui a uns tempos recordar o que escreve um dos comentadores que
realmente sabem: "Em 2020 a sociedade neerlandesa será mais dura, mais
pobre, sofrendo de conflitos raciais e religiosos que mal se podem prever."