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É fácil ganhar aversões. Acarinho várias desde que me conheço e a que tenho ao uniforme é das mais enraizadas. Fardamento, camisolas Adidas e semelhantes, gente que para mostrar que pertence alegremente veste as cores do clube, da associação, as opas do Senhor dos Passos, a farda da charanga, a mini-saia de cheerleader, aceito tudo isso – que remédio – e raro deixo transparecer no rosto o sentimento que o uniforme me causa.
É claro que a aversão
desconhece a lógica, faz pouco ou nenhum caso das liberdades, está-se nas
tintas, diz que detesta e põe fim à conversa.
Evidentemente tudo tem defesa,
é desnecessário ter estudado Leis para com sólidos argumentos demonstrar o frágil
fundamento das minhas próprias e das aversões em geral.
Não é isto assunto que me
ocupe no diário, mas ontem, digerindo o pesado almoço pascal, topei neste
marmanjo, e ele acordou em mim uma aversão que julgava assolapada: a que me
causa quem, custe o que custar, anseia por se mostrar diferente, distinguir-se do
rebanho.
Bem sei que se me irrita o
que a farda representa, deveria aplaudir a unicidade, mas para meu mal há muito
descobri que sou fraco em resolver contradições.