Tanto palavreado, tantas certezas, soluções, comentários. Tantas sentenças quanto as cabeças, a banalidade do presidente a falar de "L'horrible attentat", implicando a possibilidade de haver atentados menos horríveis, quem sabe até brandos e aceitáveis.
As palavras
esquecem, a dor passa, mas a náusea fica, nada amansa o desprezo pelo carácter
e a falta de vergonha dos que são eleitos para governar e cobardemente se
agacham, fugindo à responsabilidade, prontos no sacudir a água do capote,
explicando como as circunstâncias se atravessam sempre no caminho das boas
intenções.
Está na ordem dos
acontecimentos que o horror não vai parar, e mais desgraças nos aguardam, pelo que em
vez de sair à rua aos gritos de "Je
suis Charlie", folclore que pouco significa e pouco adianta, melhor
seria perguntar-se cada um o que espera da sociedade em que vive, de que
sacrifícios é capaz para que ela para todos seja justa, decente e livre.