domingo, novembro 23

À espera (5A)



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É triste o júbilo dos que apontam o dedo. Triste é também a cegueira dos crentes, que vêem êxitos e melhorias onde só houve bancarrota e miséria. Vergonhosa a atitude dos pobres de espírito que julgam chegada a hora do ajuste de contas e afiam as navalhas, nós a ganhar, eles a perder. Doloroso momento para aqueles que só se sentem vivos quando se espelham em heróis, estrelas e campeões.
Talvez o povo português mereça as figuras que o governam, as camarilhas de lacaios, e tenha descido tão baixo na sua auto-estima a ponto de aceitar que haja nele "donos disto tudo", e espere milagres.
Esses, porém, só em Fátima acontecem. Numa sociedade não há milagres, já nem sequer revoluções: só pequeninos passos que dão réstias de esperança de que um dia o país deixe de ser a mina de ouro de uns quantos, e venha a ser de todos.