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Tem a vaidade de que na
rua chama a atenção, mas mulher passada dos cinquenta devia inteirar-se de que
isso a poucas é dado, fora que bastaria abrir um nadinha os olhos para reparar
na impiedade da concorrência.
Mas ela fecha-os e vai por
entre a multidão de cabeça erguida, sorriso de adolescente, iludida de que à
sua passagem se abrem alas, que tudo o que é macho apetecível a segue entesado
e de braguilha aberta.
Falhou nos namoros, nos
amantes, no casamento, e outra vez nos amantes.
Sonhos já não tem, só
pesadelos, fantasmas que a perseguem nas insónias da madrugada e acusam como se
estivesse em tribunal.
Desde há pouco, num
desespero, abriu conta no secondlove.nl e encontra-os num hotel. Alguns querem
dinheiro, outros abusam-na, ouve confissões, aprende vícios, e se não alcançou
ainda a felicidade, pelo menos tem ideia de que aos poucos se vai livrando do
inferno.