O episódio é simples, involuntário o
sorriso que causa, recorda-se a meio de uma conversa e não se pensa mais nele,
talvez por ser dolorosa a realidade que esconde.
Foi anos atrás, o direito já enraizado nos
hábitos e o eleitor, mesmo o analfabeto, muito consciente da mais-valia do seu
voto.
Sessentão, simples, mas atilado como
costumam ser os que só frequentaram a escola da pobreza, este tinha presente na memória a derrota do seu partido nas autárquicas anteriores e o desespero do
cabeça de lista, a queixa de que as pessoas votavam mal.
Mas agora o partido tinha ganho e ele, boa
praça, ufano do êxito, correu a abraçar o líder.
- Desta vez ganhámos, senhor doutor! E
digo-lhe uma coisa, eu votei bem! Votei em todos!