sábado, dezembro 14

Amanuenses

Conto? Romance? A vida não se arruma em prateleiras, dispensa etiquetas e amanuenses.
Por falta de olhos, de coração, arrogância demais e escassa humildade, tomam a superfície por fundura, imaginam cores onde só há cinza. Aos rapapés de sécias e peralvilhos, abraçados na dança ritual da auto-satisfação, diz um que vê Eros e cópulas na horizontalidade do oceano. Pois verá, que são de todos os tempos os que o Espírito visita, mas tu, eu, mais uns quantos, só vemos ondas, rebentação, o fim de água que se perde no horizonte, o vento a soprar o areal.
Assim nos vamos enganando e desenganando, aos saltos, aos trambolhões, cai aqui pára além, ora crentes, depois aflitos e desesperados, medrosos, evitando olhar para o que fica, querendo amanhãs que nunca chegam, polindo a memória até que nela só reste o que brilha.