Dinheiro não devo e dispenso crédito, mas tenho dívidas. Dívidas de gratidão. É uma bela e longa lista, a dos que me mostraram caminho, deram a mão, protegeram, acudiram. Me salvaram dos outros e de mim próprio. Me disseram as palavras precisas nos momentos de raiva e desespero, livrando-me da cegueira, repondo-me nos carris donde mais de uma vez saltei.
Vejo-lhes as feições, recordo os momentos, são a galeria nobre onde encontro ânimo e estro. Sorrio a uns, a outros faço vénia, a uns quantos repito solene o meu obrigado. Foram generosos, deixando-me aproveitar com a sua experiência, o seu saber, o conhecimento que tinham das gentes e da vida. Não fossem eles, e elas, eu há muito teria desaparecido num limbo de frustração, incertezas, desânimo.
São, como a família, aconchego e conforto, aquele porto de abrigo onde deitamos âncora, passada a tormenta da navegação.