Quantos irão ser os momentos felizes, os dias de espera, as horas de sobressalto e cansaço?
A agenda para o novo ano vejo-a eu como objecto misterioso, dá-me ideia de que nas folhas ainda em branco se acha já inscrito o que vão ser os meus dias, tenho a impressão que aquilo não é apenas papel, antes instrumento de bruxaria.
Folheio-a com respeito, olho assustado as datas, pergunto-me quantos dos que, por amor, carinho e amizade contam na minha vida, estarão vivos quando chegar o 31 de Dezembro. Estarei eu?
O mundo não vai acabar, o que talvez fosse a solução para tanta tragédia e desigualdade, mas guerras vai haver, que não podemos passar sem elas e a muitos dão proveito.
Na desgraça alheia voltaremos a encontrar o alívio de não ter sido a da nossa vez e, como até agora, os verdadeiros grandes desastres, os tsunamis, os terramotos de milhares de mortos, acontecerão sempre longe. A não ser…
Abro ao acaso. 23 de Abril, segunda-feira. Que irá acontecer até lá? E depois?