Os sistemas de governo há tempo deixaram de me interessar e, francamente, sinto-me incapaz de escolher entre a democracia e a ditadura, se estaremos melhor governados por banqueiros, ou se tem vantagem deixar que os magalas, promovidos, condecorados, salvando-se primeiro a si próprios, dêem uma mão à Pátria. Um rei? Por que não?
Agradável e útil seria que, na sua nova forma, e antes de começar a meter medo, o governante ou governo, agindo como é uso por luto nacional, impusesse às massas três dias de silêncio. Do modo que as coisas andam, já não é cada cabeça sua sentença, mas cada cabeça dezenas, centenas de sentenças e sabichonices, todos a gritar como deve ser, desesperadamente peritos, arreganhando os dentes às ideias do vizinho, cobrindo o país de uma desmesurada e espessa nuvem de raivas e frustrações.
Por nós próprios não seremos capazes, e assim, ou nos obrigam a mudar ou isto acaba em sangue. Houve tempo em que zombei do seu ar mata-mouros, mas começo a alinhar com o genial Otelo.