terça-feira, setembro 27

Uns toquezitos


Sobre a senhora do retrato falaremos adiante. Vamos primeiro ao caso do amigo meu que, teria então cinquenta anos, se viu a passar férias numa praia da Bretanha com a família de um colega.
Acorda a meio da noite, descobre na cama uma das filhas da casa, catorze anos se tanto, camisinha de dormir, nua no resto, a bichanar Je veux faire l'amour avec toi.
Salvou-se ele do aperto com palavras doces e segurando firme as mãos da garota, que pelos jeitos era rápida no ataque e cursada em Anatomia.
De manhã arranjou desculpa, ia longe quando começou a suspirar aliviado, mas o choque durava ainda quando anos depois contou a cena.
Leio agora uma entrevista em que Jannetje Koelewijn, jornalista neerlandesa, confessa  sentir desde miúda uma particular atracção por homens de idade. Vai no segundo ou terceiro marido idoso, e admite francamente já ter levado para a cama mais de um dos homens que entrevista,  e que, à idade avançada, aliam fama, poder e dinheiro.
O que interessa agora, porém, é a cena dos seus treze anos, sentada num sofá ao lado do pai de uma amiguinha, "homem bonito, interessante, belos cabelos grisalhos".
Anunciou ela que se lhe desse um bocadinho do pastel que estava a comer poderia beijá-la. Deu-lhe ele o beijo, conta ela agora que "uns toquezitos" é um belo eufemismo para a sequência.
Refoga depois umas explicações freudianas, o desejo de agradar ao pai, a vontade de libertação, etc…, mas isso não vem ao caso. Interessantes são os jogos do poder em que a idade é arma.