Por vezes o que nos vale, o que salva, é o comezinho. Vai-se à mercearia, ou ao café para uma bica, entra-se na livraria, no relojoeiro, compra-se o jornal, actos simples que, ora distraem de um enfado, ora são compasso de espera entre aflições.
Há quem encontre ajuda e alívio no trato social, confessando-se aos amigos com mais ou menos sinceridade. Uns afastam a tormenta dedicando-se à música que ninguém ouvirá, outros escrevem febrilmente a poesia que só eles declamarão, sonhando, sonhando.
Horas más, horas de névoa espessa que impiedosamente se alongam.
A ver se a encurto as minhas, daqui a nada vou às compras e talvez tome um café.