Mesmo aqui na aldeia, onde os analfabetos são maioria, não há dúvida que isto é gente de saber. Colheita, poda, lavra, sementeira, regadio, pisa das uvas, feitura do azeite, ultimamente a papelada dos subsídios, a mim e muitos mais levam de longe a palma.
Sei doutras coisas, um poucochinho, o suficiente para me abismar com o saber alheio, e para que não encontre palavras com que diga a minha admiração pelos que são capazes de mandar sondas para Marte ou sinais de rádio para a escuridão infinda do Universo.
Numa ou noutra altura, porém, em vez de me espantar ou tornar invejoso, o saber alheio põe-me de mau humor. Pela simples razão de que não duvido do saber que assim se apresenta, mas porque me deixa contrafeito e duvidoso de que aquilo não seja genuíno, antes uma charada composta para fazer figura. E eu suporto mal ver alguém a fazer figura, a soprar névoas que escondam o vazio da pequenina cabeça.
Que mensagem quererá passar quem escreve uma prosa assim?
"Associa também a caracterização sociocomportamental de grupos de diferente extracção económico-social às movimentações (de variável valor táctico) no campo literário português, que tinha tradicionalmente um espaço-tempo privilegiado para o confronto dos estilos epocais (hegemónicos ou anacronizados, ou emergentes). Nesse sentido, o conhecimentos das facções intergeracionais e dos matizes dos subsistemas estilístico-peridiológicos não deve alhear-se das indicações e valorações."