Um dia alegra-se a gente, no seguinte... Apareceu-nos à porta uns sete anos atrás e ficou, habituada à paz e ao mantimento como quem é de casa. Aos filhos nunca pudemos deitar a conta, eram tanto que não se distinguia se seriam do mesmo berço ou adoptados.
Tempos atrás apareceu-lhe uma mancha no nariz e na nossa ignorância julgávamos que fosse um qualquer arranhão. Era tumor maligno. Remédios não lhe faltaram, mas foram de efeito nulo. Carinhos também recebeu muitos, e quando se soube que era irremediável redobrou-se neles e nos seus pratos preferidos. Mão caridosa e competente deu-lhe esta manhã as duas injecções que terminaram o horrível sofrimento. Era família e assim lhe sentimos a falta.