O meu "Livro de Leitura" do primeiro ano. 1940. Descubro-o por acaso, caído atrás de uma arca, e de pronto me vêm os medos de então. Puto de dez anos, já tinha lido mais e melhor prosa do que aquela que, além de enfadonha, se tinha de recitar linha a linha, explicando o sujeito, o predicado, os complementos, o tipo de oração...
Ia-se-me o entendimento ao ver a professora de cana em riste, como se fosse lança, avançar para mim aos gritos de “Grande burro! Grandessíssimo burro!” As lágrimas chorava-as para dentro, o que não conseguia era deixar de tremer, os olhos arregalados da avantesma a um palmo dos meus, a boca torta como se dali a nada me fosse estraçalhar.
Essa e o da Matemática ardem no Inferno.