Embora saiba que não me dá novidade, mas numa tentativa de me tirar do que considera uma excessiva letargia, ela diz:
- Podes discordar, mas olha à tua volta. O escritor tem de se promover a si próprio, promover os seus livros, a sua imagem de marca. Não quero exagerar, mas a imagem do escritor tornou-se mais importante do que a qualidade daquilo que ele escreve. Essencial é que se mostre, participe, se distinga como personagem.
De facto assim é e ela tem razão. Cafés, tertúlias, as manifestações e os encontros, as amizades, os contactos, os jornais, as revistas literárias, a televisão : em todos esses lugares e meios o escritor deve estar presente a vender o seu peixe. Excentricidade no comportamento também ajuda.
Mas que fazer quando, como a mim, faltam as qualidades precisas? E que não faltassem, para assustar basta ver aqueles que, ano após ano de promoção, não conseguem vender um livro nem criar um nome e, em vez dos escritores e poetas que julgam ser, são simples figurantes nos shows patrocinados pelo espírito do tempo.