Não, nunca serei capaz, como H.F. Amiel (1821-1881) no seu Journal intime (17.000 páginas!), de mergulhar numa introspecção dolorosa até às profundidades do 'eu' e concluir: 'Je suis fluide, négatif, indécis, infixable, et par conséquent je ne suis rien.'
No mais fundo que consigo mergulhar no meu íntimo não encontro, como Amiel, a água límpida dum panteísmo idealista, mas a turvação em que os meus raciocínios, memórias e sensações se agitam com a turbulência de larvas num lamaçal. Fosse eu nada, e teria paz; as preocupações nascem da incerteza, e de não descobrir quem verdadeiramente sou.