sábado, junho 11

Quantos serão?

Quantos serão? Os que nos habitam, os que no íntimo se guerreiam e nos afligem, incapazes de harmonia, puxando para extremos, levados por interesses que se contradizem e nos tiram a paz. Quantos serão?

Feliz aquele que se julga apenas um, traçou caminho e por ele vai, desinteressado do que vê, desinteressado do semelhante, insensível à paisagem, indiferente ao azul do céu e ao que em redor acontece.

Mas a vida, a estranha vida, desconhece a compaixão. A todos ilude e castiga, tão pronta em fazer brilhar a réstia de luz, como dum só golpe decepar um braço; oferecer ao mesmo tempo o sorriso do inocente e a carantonha do malfeitor; confundindo o bem e o mal; levando-nos de escantilhão quando julgamos ir pelo nosso pé, iludidos de que uma e outra vez mandamos, quando não fazemos mais que obedecer.