quarta-feira, maio 12

Preso pela língua

Faço quanto posso para que na cara não se leia o que me vai no coração, nem é meu modo sair à rua com o que me pesa e aflige, mas uma vez não são vezes. 

Conheço horas de negrume e desespero. Pergunto-me que uso tem e que futuro a espera, a sociedade da minha pátria. Corrupta e mendicante, quixotesca, vaidosa, descrente de que o seu rei vai nu, anões da corte que nem para bobos servem.

Iludi-me, julguei ter-lhe escapado, mas para meu mal, porque nela nasci e é minha a sua língua, tem-me preso com laços que nada desprende: os de mãe e madrasta.

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"No dia 8 de Maio de 2021, foi promulgada pelo Presidente da República a “Carta de Direitos Humanos na Era Digital” que estabelece um novo Direito de “protecção contra a desinformação”, e que institucionaliza e legaliza a censura, através de uma Entidade Reguladora e não dos Tribunais, de pessoas singulares ou colectivas que “produzam, reproduzam ou difundam” narrativas consideradas pelo Estado como “desinformação.”