quarta-feira, setembro 9

Quase de partida (4)

Este texto já aqui esteve em data que o Google não me ajuda a descobrir. A razão por que o repito é de ontem me ter visto numa dessas situações a que o trato social obriga e nos deixa com um travo de boca.

                                                                              (Clique)

"Chega sempre o momento em que nos perguntamos qual é o propósito de certas amizades, de certas conversas, o que é que nos leva a tomar este ou aquele ponto de vista, a fingir que participamos, quando no fundo é escasso o que importa e o que pessoalmente para nós conta.

É certo que a vida em sociedade exige o ritual, pede o teatro, ninguém pode andar com a alma à mostra,  ou abri-la com a mesma inocência com que às vezes se exibe o corpo. Mas quanta saliva gasta, quanto tempo perdido, tanta energia desbaratada sem que se adivinhe o que rende ou que moinhos a aproveitam

Não é que ao fim do dia me ponha a contabilizar a utilidade do trato social, apenas me toma um sentimento que balança entre a irritação e o desalento, de ver que também eu faço o que não quero, afirmo o que estou longe de pensar, gasto-me em salamaleques que só a contragosto, ou por necessidade do enredo,  atribuiria a um personagem de romance.

Esse teatro derreia, leva a fazer má cara ou, pior ainda, a afixar o sorriso da hipocrisia."