sexta-feira, setembro 4

Cansei

Franca e finalmente cansei, do número de mortos – ontem dois, cento e vinte e seis infectados –  das estatísticas, dos discursos, das imposições, das promessas, se vem ou não vem a vacina, quando, para todos ou só alguns, se é de graça como o ar e a luz do Sol ou se vai custar x para este e y para aquele. Cansei também, não me interessa, não quero ouvir se Trump vai ganhar ou perder, se o inefável Joe Biden será presidente, se a dama que tem ao lado e lhe sorri é meio branca, meio preta, meio azulada, um terço indiana, se os distúrbios são favoráveis para os Democratas ou para os Republicanos. E continuem uns a louvar o Primeiro Ministro, outros a chamar-lhe tosco e malcriado, mais uns quantos a mostrar-se interessados pelas baboseiras das senhoras da Saúde e as suas promessas em Português extracontextualizado, pois no que diz respeito a este sempre curioso e Avantesco país, os seus mandões e os crescentes rebanhos, eu sinto-me a deslizar para uma indiferença de tão mau sinal que nem me incomoda a prometida pipa de massa que como sempre será desbaratada, mas já tantas bocas põe a salivar. Cheguei a uma fronteira, tanto se me dá como se me deu, finalmente até para ironizar me falta a vontade e a meio da tarde começo a ter sono, o que infelizmente não é da idade mas do triste espectáculo desta minha terra onde tanto se espera, tão pouco se faz e a epidemia mostra como o espírito bufo vive no nosso DNA.