terça-feira, julho 28

Necrologia


Havia as notícias dos desastres, das tragédias, dos vulcões, dos massacres, dos tsunamis, dos ciclones, dos genocídios, dos grandes incêndios. Morria-se no berço, morria-se num acidente ou de velhice, da enorme variedade de doenças a que o corpo é sujeito. Morria-se de fome, de tristeza, de cansaço, de desespero.
Porém, tudo se passava longe e acontecia a estranhos. Agora também assim é, mas a cada o instante nos avisam que a morte está à porta, somos culpados da nossa própria e da dos outros, assassinos em potência. E como tudo tem de ser em grande, diferente, assustador, a estatística diária dos mortos e dos infectados tomou o lugar necrologia antiga no jornal, com a cruz negra, o nome e o retrato do falecido.