segunda-feira, outubro 28

Nótulas (19)


Tradução de um  excerpto de um artigo do semanário neerlandês Elsevier acerca das actuais manifestações no Chile, no Ecuador, na Bolívia, na Argentina e no Líbano:

“Não se trata – como muitas vezes se tem constatado – dos países mais pobres, nem daqueles no escalão imediatamente superior. Neles a população necessita de toda a sua energia e todo o seu tempo para assegurar a sua alimentação, e a amarga pobreza quase sempre vai de mão dada com a falta de desenvolvimento. Mas embora o povo tenha consciência de tudo o que está mal, o fatalismo vence: que adianta obrigar o governo corrupto a desaparecer, se o resultado é a vinda de um outro igualmente corrupto?
Os países onde se levanta o fantasma das demonstrações de massa – e onde vão caindo mortos e feridos – não são países pobres e a mediania da sua população é razoavelmente desenvolvida. Mas em todos eles é gigantesca a diferença entre os ricos e o restante da população, a corrupção está na ordem do dia, sucedem-se os governos compostos da mesma clique, esta procedendo muitas vezes das mesmas famílias. O Líbano e a Argentina são disso exemplo.
Muitos desses países têm um presidente que foi democraticamente eleito, mas que se está nas tintas para os prazos constitucionais e força nenhuma  consegue fazer com que abandone o poder. Evo Morales,  presidente da Bolívia, é número um na América Latina, mas também os há da mesma espécie em África, de que foi campeão o defunto Robert Mugabe.”