domingo, setembro 8

Bilhetes (87)


Venho do tempo das cartas escritas à mão, depois à máquina, sempre demoradas a chegar ao destino, mais demorada ainda a espera pela resposta que muitas vezes não vinha, criando ansiedades, medos e desconfianças. Escrevia-se aos amigos, com raras excepções ficava por aí o intercâmbio.
Hoje são um meio obsoleto e o escrevê-las  um sintoma de romantismo, a comunicação instantânea transformou-nos de tal modo que faz sorrir que alguém pegue numa caneta, numa folha de papel, e se dê ao trabalho de morosamente ajeitar a caligrafia que o desuso tornou ilegível. De facto só mesmo por romantismo.
Pergunto-me, contudo, que necessidade me traz aqui a escrever o que de facto na maioria são “cartas” que, por não terem destinatário, ganham alguma semelhança com as mensagens nas garrafas que os náufragos antigamente deitavam ao mar, ou as emissões dos radioamadores anunciando a sua presença no éter.
Por certo há quem veja o que aqui escrevo, mas são escassas as provas de que me lêem,  nada mais enganoso do que as Stats do Google, assinalando  3 views na Polínésia, 5 nos Emirados, 12 na Ucrânia. Em Portugal, no Brasil, nos Estados Unidos, no Canadá, em França e até na Holanda será diferente, aí as Stats fazem fé. Mas na Índia, na Finlândia, no Turquemenistão?