segunda-feira, março 27

O berro dos NIFes

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Embora não o seja de todos, é conhecida a verdade de mesmo Deus, o Todo-Poderoso, ter lutado em vão contra a estupidez, e há também prova do seu insucesso na melhoria do sectarismo e da malícia dos que argumentam com   deturpações, mentiras e entorses a razão que se atribuem.
Tirante os mentalmente débeis, os mais talvez até o façam sem maldade, nem real interesse em contradizer ou contrapor, mas somente para que, pelos fugidios   três minutos de fama ou de atenção, alguém oiça o seu berro, e assim confirme que não são apenas um NIF, mas cidadãos conscientes dos seus deveres e, sobretudo, da obrigação que sentem de em todas as circunstâncias e, como costumam dizer, a custo dos maiores sacrifícios, “defenderem os altos valores da democracia” e o sacrossanto bem da liberdade de expressão.
É doloroso, mas também divertido, constatar que nos seus acessos de paixão os NIFes, além de perderem a memória se tornam vesgos, vêem preto onde está branco, espumam pelos beiços um ódio rançoso, fazem promessas do género “nunca mais vou ler uma página deste fdp”, o que não atesta uma decisão, mas lhes serve para ocultar a falta de princípios, de maneiras civis, e a deficiência do seu alfabetismo.
Recentemente, tenho sido incomodado por esse tipo de gente, e até por aqueles que, embora de boas intenções, mostram dificuldade em aceitar que haja quem não se sinta obrigado a um comportamento ortodoxo.
Para com os primeiros não tenho paciência nem me merecem respeito, tão-pouco devo explicações seja a quem for, mas aos bem intencionados quero repetir o que noutro lugar afirmei: nada tenho a ver com quem me lê, não lhes devo coisa nenhuma, tão-pouco me interessa o seu favor ou desfavor, ou que suponham poder-me associar com quem lhes apeteça. Não pertenço, não me filio, não tiro proveito. Sou livre e ajo com liberdade, nenhum interesse material, político, económico, social ou outro tem poder para coartar a minha liberdade.
E quem não respeita a minha liberdade, pouca consideração tem pela sua própria.
De modo que se nas recentes eleições holandesas votei num candidato da extrema-direita, bem pode ser que nas próximas, se a consciência mo ditar, vote num do centro, da extrema-esquerda, no mesmo Wilders, ou no que me pareça corresponder melhor aos meus sentimentos.
Incomodam-se alguns com esta minha liberdade? Pelo que leio e oiço parece que sim, mas a meu entender isso apenas dá prova de que todas as liberdades são iguais, mas, infelizmente, umas são mais livres do que outras.
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publicado na DOMINGO CM