quarta-feira, junho 29

Nós e as quadrilhas messiânicas

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Lê-se e dói:

"Essa harmonia que parece reinar na engrenagem social portuguesa é uma harmonia toda fictícia. A nossa organização social é uma organização mentirosa, sem estabilidade, sem unidade, uma ficção de engrenagem civilizada, encobrindo a torpeza dum parasitismo desenfreado e impudente."

"Em Portugal não existe o egoísmo da nação vencendo e disciplinando o egoísmo de cada português. A nossa vida política, económica e moral não tem sido senão uma série lastimosa de actos de egoísmo individual impondo-se despoticamente ao egoísmo colectivo, ao interesse da nação, e subjugando-o."

"As quadrilhas messiânicas bebem-lhe o sangue e vendem-lhe o pão por um preço fabuloso. E esse povo humilde, secularmente escravizado, intrepidamente, com uma heroicidade animal que só a ignorância dá, deixa-se sugar, deixa-se morrer de fome, e, quando não se resigna a morrer de fome – emigra."

"Não compensar o trabalho é aniquilar o estímulo de trabalhar. E até certo ponto, se não é justo, é pelo menos explicável que homens, que em outros meios seriam prodigiosas fontes de riqueza e de progresso, respondam invariavelmente aos que os incitam a fazer qualquer coisa: "Não vale a pena."

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Manuel Laranjeira     (1877-1912)
Miguel de Unamuno   (1864-1936)