quarta-feira, abril 10

Relíquias

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Mitologia? Fábulas? Invenções? Fiquem a saber que acredito em bruxas, videntes, profetas, cartomantes, nos poderes de Iemanjá, na Santa Adelaide de Arcozelo, na Santa do Tropeço, no "doutor" António,  no Boi-Homem, e mais.
Dizem que Baco era um deus da mitologia grega? Tretas. Baco era de carne e osso, gostava de vinho, de mulheres, tinha faro de colonizador, tanto que, garante-o o muito nosso e douto Frei Amador Arrais, por volta de mil e novecentos AC mandou o seu filho Lysias fundar Portalegre. Quem duvidar entre na igreja da terra e lá lhe mostrarão os restos mortais desse filho de um "deus mitológico". Mitológico, uma fava.
Também acredito em relíquias, e quando pela primeira vez li o romance do senhor Eça de Queiroz, desgostou-me vê-lo troçar de tão séria e generalizada crença, certificada, ademais, pela Santa Madre Igreja e outras religiões.
Recentemente, porém, certo de que se aproxima o dia em que terei de prestar contas ao Todo-Poderoso, essa minha necessidade de acreditar levou sério abalo.
Pregos da Cruz, cueiros do Menino, palhinhas do Presépio, pontas da Coroa de Espinhos, a essas já me tinha habituado, dando desconto ao exagero de uma ou outra. Contudo, leio agora que na Inglaterra, em meados do século XVI, no convento de Maiden Bradley, condado de Wiltshhire, os monges possuíam: "Retalhos da veste do Senhor e restos da carne servida na Última Ceia". ("The monks have part of God's coat, and some broken meats from the Last Supper").
Acho demais.