sábado, janeiro 21

A desolação da manhã

O céu de chumbo e a morrinha terão parte nisso, mas as sombras vêm de dentro. Um rodopiar de conversas, faces, palavras que não disse, pensamentos escondidos, fúrias, ocasiões perdidas, o gesto negado, o passo em vão.
Força estranha, a que aciona esta maquinaria que às primeiras horas entra a funcionar, sem que lhe adivinhe o motivo da tortura ou que fim serve.
Culpa do tempo? Dores minhas? Talvez não. Provavelmente apenas detritos do dia-a-dia. Farrapos que não consigo descartar, porque mesmo do imprestável sofro a ausência.
Tomado de um sentimento de vazio, pergunto-me por que razão se alinham as palavras nesta ordem, e o que as impede, quando as uso, de se tornar poema.