sexta-feira, novembro 11

Fazer boa cara

Melancolia da manhã. É luta que muitas vezes perco, numas quantas empato, mas sobram bastantes em que, se não saio totalmente vencedor, pelo menos me dão ânimo para começar o dia.
Você, leitor anónimo, visitante acidental, cuja presença é apenas assinalada por um série de números, não se poderá dar conta, nem talvez o imagine, mas contribui em parte para a minha vitória sobre a melancolia matinal.
Salvo nas poucas vezes que se dão a conhecer, os leitores de livros são para o autor uma massa de gente anónima, e é desnecessário o contacto ou que de parte a parte exista simpatia. Um põe a mercadoria na praça, o outro compra ou deixa, lê ou não lê, a relação fica por aí.
O blogue veio transtornar isso. É porta aberta por onde o leitor entra sem precisão de bater, mas a sua presença é assinalada, um relógio marca os minutos da visita, uma lista mostra se chega pela primeira vez ou é cliente habitual.
Ao longo dos quatro anos que o mantenho, o TC imperceptivelmente criou em mim uma mentalidade que chamarei de lojista. Não que esteja a vender ou a apregoar seja o que for, mas se o freguês entra sinto obrigação de mostrar boa cara e, pelo menos, ter com ele dois dedos de conversa, neste caso escrever umas quantas linhas que por instantes o prendam.
Desse modo você, ao vir aqui, contribui para que o meu dia comece com melhor disposição do que a que me é natural.
Agradeço a visita, mas não se sinta obrigado/a.
Como disse? Acha que estou sombrio e a fingir boa cara? Às vezes tem que ser.