domingo, agosto 14

A guerra

Outros o fizeram para mim, quando não tinha ainda vivido, por isso me agradaria escrever também daqueles textos que confortam, dão esperança, trazem harmonia e paz.
Agradaria, mas não sei.
Horas conheci de raiva e desespero, horas que conseguem mudar em sombra as tardes soalheiras, dias sem luz ao fim do túnel. E anos passei, muitos,  a caminhar nas ruas da amargura, a embater nos muros da adversidade, do desdém, da prepotência, da arrogância que pisa o semelhante.
A luz pode raiar, serem as alvoradas cheias de promessa, mas há feridas que não cicatrizam e certas dores nunca esquecem. Conheci momentos em que a morte teria sido um alívio, revejo feições infames que eternizam os pesadelos, recordo as vezes que me senti amaldiçoado.
Mas sofrimento não é derrota, nem a solidão é castigo. Por escolha caminhei sozinho, sozinho vou, ninguém me fez dobrar, nada conseguiu abater-me, e se perdi batalhas não perdi a guerra.

Saibas tu vencer a que te espera.