domingo, maio 29

Laço

Porque sempre tive certa timidez no contacto com quem me lê, grande é a minha admiração por aqueles escritores que, como se tivessem essa propriedade de nascença, pronto estabelecem com quem os visita nas feiras um elo de simpatia e cumplicidade.
Nos últimos tempos tenho, se assim se pode dizer, estudado um que nessa arte é mestre. Nunca o sorriso o abandona, a atenção que dá não poderia parecer mais genuína, os abraços e beijos são de constante entusiasmo.
Aos que o procuram oferta ele algo provavelmente mais valioso que o conteúdo das suas obras: minutos de calor humano e, verdadeiro ou falso não importa, o sentimento de que a simpatia entre ambos se eleva a uma  íntima cumplicidade.
É fácil desdenhar e talvez, como alguns supõem, haja ali uma refinada estratégia de marketing. Que importa, se assim for? Aumenta ele as vendas, retornam os leitores a casa com a mais-valia de terem estabelecido com aquele que admiram um laço espiritualmente benéfico, talvez até mais querido e duradouro que o impacto da sua leitura.