segunda-feira, maio 16

Escorpião

Nem tudo é sempre feio, nem todos somos sempre maus, mas cruzamos de vez em quando com uns fdp que obrigam a revisar a benevolência que o semelhante nos deve merecer.
Dias atrás aparece-me um desses, sorridente, cumprimentador, também de certo modo ingénuo, ignorando que já outros do seu calibre  - abundam os escorpiões – tinham detalhado a diligência com que me prejudicou.
Vem de máscara afivelada, a do grande sorriso, todo ele boas maneiras, rapapés, mas com aquela bacidez do olhar que trai o que morde pela calada, o hipócrita ganancioso que julga seu, e roubado, o que de direito é do alheio; o infeliz que não concebe a existência da honra, da lealdade, da franqueza; o ser abjecto que julga os outros pela craveira da sua  indecência.
Havia gente à nossa volta, gente que depois me disse que, ao vê-lo vir direito a mim, jovial, mão estendida, julgava assistir a um encontro de amigos.
O que não viram, o que seguiu ao aceno com que com que notei a sua presença antes de lhe voltar as costas, foi o asco, o desprezo que, não estivesse num lugar público, me teria feito  vomitar.