terça-feira, outubro 12

Olhos nos olhos

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Ao longo de quinze anos ou mais, ao romper do dia, vezes sem conta ouvi o seu tropear na calçada. Ritmado, convidando à paz como o primeiro toque do sino.
Puxou arados na lavra, carroças de azeitona e amêndoa, toros de lenha, estrume, estevas para o forno, fachas de palha, pedregulhos. Mas a idade não perdoa. Quem perde a força perde o préstimo. Venderam-na para o matadouro e, porque dava menos incómodo que deitá-los ao lixo, deixaram-lhe a albarda esfarrapada e os estribos ferrugentos.
Tirei-lhe o retrato para recordação. Depois, olhos nos olhos, acenámo-nos a despedida .